Wednesday, June 26, 2013

Intercâmbio EUA: 02. A papelada

Bem, eu tinha parado na parte que meu pais toparam né? Ãh, feito isso, começou a segunda parte da coisa, a papelada.
   Eu nunca tinha ido para a terra do Obama, nem para a terra de ninguém. O mais longinho que tinha ido até então era para Fortaleza. Ou seja, teria que tirar passaporte e visto.
   O passaporte foi mais tranquilo. Mas tive que tirar um RG novo, pois minha cara e minha assinatura deste documento já não era mais as mesmas. Não que seja obrigatório, mas é bom deixar tudo bonitinho para que não haja problemas lá na frente. Tive que pagar uns R$150,00 de taxa do passaporte e agendar um horário na PF. Por isso que é bom não deixar para cima da hora, a maioria dos lugares em São Paulo só tinham horário para uns 3 meses para frente, dei sorte achei um lugar que fazia antes. Em novembro já estava com o passaporte na mão.
   Sendo assim, agora era hora de marcar o visto. Aí você junto um monte de papelada - RG, CPF, comprovante de residencia, comprovante de veículo próprio, lerite - tudo que prove que você não está querendo ir ganhar a vida nos States. Depois disso, você tem que preencher mil formulários online (alguns em inglês), pagar a taxa e aí sim marcar a entrevista no consulado.
   A taxa varia para cada tipo de visto. Até um número X de horas do curso, você pode pegar tanto o visto de estudante quanto o de turismo, a partir desse número, o visto de turismo não vale mais, só o de estudante. Como meu curso era apenas matutino, durante 4 semanas, eu poderia optar. O visto estudantil sai mais rápido e é mais barato, se não me falha a memória. Mas eu optei por pegar o visto turístico, dessa forma eu poderia usar outras vezes, durante 10 anos. O estudantil ele expira algumas semanas depois que seu curso acaba.
   As pessoas costumam colocar maiooooor medo na gente, nos fazem pensar que o cônsul é maior bruxo das trevas e vai tentar de qualquer jeito te ferrar. Mas não vai nessa onda. Claro que no dia você mantem o formal (não aconselho fazer piadinhas com ele), mas não precisa temer. No dia da sua entrevista esteja com o máximo de documentos em mãos e não esqueça da foto e de nenhum xerox, pelamor (lá é os olhos da cara o preço). Você vai pegar um fila para checar os documentos, outra para pegar a senha, vai esperar seu numero para tirar a digital, depois vai pegar mais uma senha para falar com o cônsul. Ah! Não existe nenhuma salinha para entrevista tá? São guichês e o cônsul fala português, mas com sotaque americano (não ria!). Aí de toda aquela papelada que você levou, ele vai pedir uma coisa ou outra ou, como no meu caso, nada. Sim, a papelada é por precaução, eles quase nem exigem mais nada. Por fim, o cara fala se você foi aprovado ou não e te encaminha para a ultima fila, a do sedex, onde  você mesmo preenche o seus dados no envelope que futuramente  será usado para enviar o seu passaporte carimbado para sua residência.
   
Depois de tudo isso é só esperar o dia de sua viagem!!!


Monday, June 10, 2013

Intercâmbio EUA: 01. Pré Sonho

Resolvi abrir meu coração. E não estou falando do presunto sadia, rs. Eu sei que as vezes, eu escrevo por enigmas, conto tudo e não falo nada. Mas dessa vez acho que contar como realmente as coisas aconteceram para mim.
   Tudo começou quando eu decidi fazer intercâmbio. Eu já tinha meio que passado da idade (tinha 19), já estava fazendo faculdade e tinha um sonho: estudar fora, conhecer novos lugares, ser dona de mim mesma nem que fosse por algumas semaninhas.
Alto de La Jolla - San Diego/CA
   O que eu queria meeeesmo era fazer High School. Entretanto, na época que tinha idade para isso (16~18 anos) não acreditava que um dia isso seria possível. Achava que seria absurdamente caro e que os meus pais nunca confiariam em mim o suficiente para me deixar viajar para outro pais sozinha. 
Então eu deixei esse pensamento para trás, entrei na faculdade e fui vivendo minha vidinha. Até que conheci uma menina que já tinha feito alguns intercâmbios de curtos períodos (1~3 meses) e por sorte essa menina era amiga da minha mãe e tudo no fim, foi culpa dela, rs. Sim, ela abriu a cabeça da minha mãe e me encheu de idéias.
   Como quem não queria nada, convidei uma amiga para ir na agência fazer um orçamento comigo, para ver quanto sairia ficar, sei lá, um mês em alguma cidade dos EUA. Minha amiga que A-M-A viajar e A-M-A os States, não pensou duas vezes.
   Resultado: não acreditamos no preço. que na época o dólar estava R$1,80, mas de qualquer forma o curso, mais hospedagem e mais passagem saiu beeeem mais barato do que imaginávamos.
   Depois de muita pesquisa (internet, agência, google, blogs, indicações, pessoas, dicionário, átlas e etc) decidimos fechar um orçamento para San Diego/CA. Ficamos meio assim no começo. Sei lá né, San Diego? Nunca ouvi falar.. De qualquer forma levamos os preços para os nossos pais. Minha mãe achou legal, o meu pai só olhou e nem falou nada. É que de primeira eu fui meio que jogando só a hipótese. Não estava pedindo nada.
   Então continuamos pesquisando e pesquisando. Até que em um aniversário em casa, aquela menina que havia dado a ideia estava presente e ela super incentivou eu e minha amiga a fazer o tal intercâmbio. Convenceu a minha mãe também.
   Mais animadas com a ideia, fomos de novo mostrar a proposta para os nossos pais, mas dessa vez eu já fui um pouco mais ousada e usei de vários argumentos os quais eu sabia que poderia convencer o meu pai.
Falei que logo menos estaria estagiando e dificilmente poderia tirar um mês para fazer um intercâmbio. Disse também que a viagem proporcionaria um enorme avanço no meu Inglês - o que é essencial na minha área - sem falar que enriqueceria de mais meu currículo.
   Sendo assim, meu pai pensou, pensou, pensou. Não disse sim e primeira não. Mas com uma ajudinha da minha mãe e, acredito eu, dos colegas de trabalho dele, conseguimos amansar a fera, rs. Ele topou!!!!
   Estou contando isso, porque espero que sirva de incentivo para as pessoas. As vezes temos muito medo de tentar fazer o que queremos, porque temos medo que não conseguimos. Seja lá por questões financeiras, sentimentais, profissionais.. Enfim, por muito tempo eu tive muito medo de não conseguir, de não ter dinheiro o suficiente, de não ter a aprovação de meus pais, de não saber inglês o suficiente, e não ter capacidade de me virar sozinha.. Milhões de medos. Mas eu enfrentei todos eles, acreditei que seria possível e corri atrás dos meus sonhos. E o que eu tive de resultado? A melhore experiência da minha vida.
   Lembre-se: quem acredita sempre alcança!

Wednesday, June 5, 2013

Tomar um picolé, ler uma revista

   Olhe, não fique assim não, vai passar. Eu sei que dói. É horrível. Eu sei que parece que você não vai aguentar, mas aguenta. Sei que parece que vai explodir, mas não explode. Sei que dá vontade de abrir um zíper nas costas e sair do corpo porque dentro da gente, nesse momento, não é um bom lugar para se estar. Dor é assim mesmo, arde, depois passa. Que bom. Aliás, a vida é assim: arde, depois passa. Que pena. A gente acha que não vai aguentar, mas aguenta: as dores da vida. Pense assim: agora tá insuportável, agora você queria abrir o zíper, sair do corpo, encarnar numa samambaia, virar um paralelepípedo ou qualquer coisa inanimada, anestesiada, silenciosa. Mas agora já passou. Agora já é dez segundos depois da frase passada. Sua dor já é dez segundos menor do que duas linhas atrás. Você acha que não porque esperar a dor passar é como olhar um transatlântico no horizonte estando na praia. Ele parece parado, mas aí você desvia o olho, toma um picolé, lê uma revista, dá um pulo no mar e quando vai ver o barco já tá lá longe. A sua dor agora, essa fogueira na sua barriga, essa sensação de que pegaram sua traqueia e seu estômago e torceram como uma toalha molhada, isso tudo – é difícil de acreditar, eu sei – vai virar só uma memória, um pequeno ponto negro diluído num imenso mar de memórias. Levante-se daí, vá tomar um picolé, ler uma revista, dar um pulo no mar. Quando você for ver, passou. Agora não dá mesmo pra ser feliz. É impossível. Mas quem disse que a gente deve ser feliz sempre? Isso é bobagem. “É melhor viver do que ser feliz”. Porque pra viver de verdade a gente tem que quebrar a cara. Tem que tentar e não conseguir. Achar que vai dar e ver que não deu. Querer muito e não alcançar. Ter e perder. Tem que ter coragem de olhar no fundo dos olhos de alguém que a gente ama e dizer uma coisa terrível, mas que tem que ser dita. Tem que ter coragem de olhar no fundo dos olhos de alguém que a gente ama e ouvir uma coisa terrível, que tem que ser ouvida. Tem que ter coragem de olhar no fundo dos olhos de alguém que a gente ama e ouvir uma coisa terrível, que tem que ser ouvida. A vida é incontornável. A gente perde, leva porrada, é passado pra trás, cai. Dói, ai, dói demais. Mas passa. Está vendo essa dor que agora samba no seu peito de salto agulha? Você ainda vai olhá-la no fundo dos olhos e rir da cara dela. Juro que estou falando a verdade. Eu não minto. Vai passar.

Caio Fernando Abreu